Correios aumenta gastos culturais em meio à maior crise financeira
Enquanto a estatal Correios enfrenta um prejuízo histórico de R$ 2 bilhões até setembro de 2024, os gastos com patrocínios culturais saltaram de uma média anual de R$ 430 mil entre 2019 e 2022 para impressionantes R$ 34 milhões em 2024, um aumento de mais de 916%. Esse contraste levanta questões sobre as prioridades de investimento da empresa em um momento de grave crise financeira.
Segundo informações do site Poder360, a direção dos Correios, liderada por Fabiano Silva dos Santos, justificou os investimentos como uma estratégia para “melhorar a imagem institucional” e “ampliar a visibilidade da marca”. Entretanto, críticos apontam que tais recursos não têm gerado resultados concretos para a recuperação econômica da estatal, que está sob risco de insolvência.
Entre os 15 eventos patrocinados pela estatal, a 36ª Feira Internacional do Livro de Bogotá, realizada na Colômbia, recebeu R$ 600 mil, embora o país não tenha operações dos Correios. A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como convidado de destaque intensificou suspeitas de que os patrocínios possam atender a interesses políticos.
Outro ponto controverso é a atuação de Juliana Picoli Agatte, diretora de Governança e Estratégia da estatal, que esteve presente no evento como palestrante. Juliana, ligada ao Partido dos Trabalhadores (PT), já trabalhou com Edinho Silva (PT), atual prefeito de Araraquara e cotado para assumir a presidência dos Correios em 2025.
Os Correios também investiram R$ 6 milhões no festival Lollapalooza, em São Paulo, e R$ 4 milhões na turnê “Tempo Rei” de Gilberto Gil. Embora tais ações estejam alinhadas ao plano estratégico da estatal, especialistas questionam a relação custo-benefício em meio a um cenário de dívidas bilionárias, incluindo R$ 7,6 bilhões ligados ao fundo de pensão Postalis.
Além disso, manobras contábeis fizeram com que um lucro de R$ 200 milhões em 2022 se transformasse retroativamente em um prejuízo de R$ 800 milhões. Outras decisões controversas incluem o pagamento de R$ 200 milhões em benefícios como o “vale peru” e a desistência de ações judiciais bilionárias.
Caso a atual gestão mantenha o ritmo dos gastos, o déficit da estatal poderá superar os R$ 2,1 bilhões registrados em 2015, no governo de Dilma Rousseff (PT). A continuidade dos serviços dos Correios, segundo especialistas, pode estar ameaçada.
Em nota oficial, os Correios afirmaram que os patrocínios estão “alinhados às diretrizes normativas e ao plano estratégico da empresa” e que os valores são “compatíveis com as contrapartidas oferecidas”. No entanto, a falta de clareza sobre os critérios de seleção dos eventos patrocinados levanta preocupações, principalmente em um momento de sérias restrições orçamentárias.
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