Déficit astronômico expõe fragilidade econômica
Impulsionado pelos exorbitantes juros da dívida, o setor público consolidado brasileiro, que engloba União, Estados, municípios e empresas estatais, registrou um déficit nominal de R$ 1,111 trilhão nos últimos 12 meses encerrados em novembro. Para contextualizar, esse valor equivale a 9,50% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira, 30.
O déficit já ultrapassou a marca de R$ 1 trilhão de forma consecutiva desde abril de 2024, totalizando oito meses acima desse patamar preocupante. Durante o auge da pandemia de Covid-19, as contas públicas atingiram déficits semelhantes, mas de forma pontual, por apenas três meses.
Juros Explosivos São o Vilão
A principal razão para o rombo monumental é o gasto com juros da dívida pública, que atingiu inacreditáveis R$ 918,2 bilhões, o maior valor registrado desde o início da série histórica em 2002. Para piorar, a taxa básica de juros, a Selic, permanece acima dos dois dígitos desde fevereiro de 2022, pressionando ainda mais os cofres públicos.
O resultado primário, que desconsidera os juros, registrou um déficit de R$ 192,9 bilhões no mesmo período. Esse é o menor saldo negativo acumulado em 12 meses desde novembro de 2023, mas ainda insuficiente para aliviar a situação fiscal.
Pacote Fiscal: Um Remendo em Meio ao Desastre
Como tentativa de conter a crise, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enviou ao Congresso um pacote fiscal, aprovado pelos parlamentares antes do recesso de fim de ano. Porém, a reação do mercado financeiro foi de total ceticismo. O dólar disparou e ultrapassou os R$ 6, refletindo a percepção de que as medidas são incapazes de estabilizar as contas públicas.
Comparação Histórica Escancara Problemas
Na relação déficit-PIB, o rombo atingiu 9,89% do PIB em julho de 2024, durante o governo Lula. Para efeito de comparação, no auge da pandemia, em outubro de 2020, o déficit chegou a 13,48% do PIB, sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A diferença, no entanto, está na ausência de uma crise sanitária global para justificar o cenário atual.
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