Mundo
Brasil se abstém em votação na ONU para condenar o Irã por repressão a mulheres
Posição do Brasil na ONU gera questionamentos sobre sua postura em direitos humanos
Em uma decisão controversa nesta quarta-feira, 20, o Brasil optou pela abstenção em uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que buscava condenar o Irã pela sua repressão contra mulheres, o uso de violência contra manifestantes e a execução de penas de morte. A votação, que ocorreu em meio a um contexto de crescente escrutínio internacional sobre os direitos humanos no Irã, viu a abstenção de todos os países do grupo Brics, incluindo Rússia e China.
A resolução, proposta por nações europeias e norte-americanas, foi aprovada com 77 votos a favor. Destacando-se na região, países latino-americanos de esquerda como Chile, México, Espanha e Colômbia votaram favoravelmente. Entretanto, a postura do Brasil de se abster junto com outros 65 países reflete uma tendência de não alinhamento com as potências ocidentais em questões de direitos humanos, especialmente em casos envolvendo nações parceiras no bloco econômico Brics.
No início do ano, a diplomacia brasileira já havia adotado uma postura similar ao se abster em outra votação na ONU que propunha a ampliação do mandato da entidade para investigar violações de direitos humanos no Irã, postura essa que foi mantida apesar das lideranças femininas dos protestos que começaram em 2022.
Em defesa de sua posição, o Itamaraty argumentou que o isolamento do Irã, como defendido pelas potências ocidentais, poderia intensificar o radicalismo e acelerar o desenvolvimento de armas nucleares no país. Além disso, o Brasil reconheceu os esforços do Irã em acolher refugiados afegãos, destacando a presença de mais de 3,7 milhões no território iraniano. Em uma nota, o governo brasileiro elogiou a cooperação do Irã com os órgãos de tratados de direitos humanos, mas reiterou o apelo para que o país colabore também com os procedimentos especiais do Conselho de Direitos Humanos.
A decisão brasileira de se abster reflete uma complexa equação diplomática que leva em conta as relações estratégicas dentro do Brics e uma política externa que busca equilíbrio entre o respeito aos direitos humanos e as realidades geopolíticas. A abstenção brasileira na votação sobre o Irã na ONU levanta questões significativas sobre as prioridades e os desafios da política externa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente no que tange a sua abordagem aos direitos humanos e relações internacionais.
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