Redução Dramática de Empregos na Petrobras no Nordeste
Em uma decisão surpreendente que abalou a região Nordeste, a Petrobras, uma das maiores estatais do Brasil, anunciou a eliminação de 76% de seus postos de trabalho na região nos últimos nove anos. De acordo com um levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em parceria com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a contundente queda no emprego é apresentada pela empresa como parte de seu ‘plano estratégico’.
Esta estratégia parece ter como principal foco uma transição da operação para o Sudeste, enquanto a região Nordeste sofre a consequência de uma maciça alienação de ativos. O estudo da FUP revelou que a Petrobras vendeu 34 ativos no valor de US$ 8,1 bilhões, equivalente a R$ 39,5 bilhões. O Nordeste representou 42% das unidades privatizadas pela empresa em todo o país e 16% do montante arrecadado entre 2013 e 2022.
Cloviomar Cararine, economista do Dieese, expressa preocupação com a situação, refletindo sobre o processo de privatização da Petrobras. Segundo ele, a empresa parece estar seguindo uma estratégia de reduzir sua participação no Nordeste, focando suas operações no Sudeste para buscar ativos mais lucrativos.
Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, ressalta que a Bahia foi especialmente afetada pelos cortes. A Bahia representou um montante de US$ 4 bilhões, aproximadamente R$ 19,5 bilhões, do total de receitas obtidas pela Petrobras na região nordestina com as privatizações.
Entre os ativos vendidos, um destaque é a refinaria Landulpho Alves (Rlam), localizada no município de São Francisco do Conde. Uma análise realizada em 2021 pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) apontou que a refinaria foi vendida pela metade do preço avaliado, levantando preocupações sobre a eficácia da gestão dos ativos da estatal.
Ao jornal Estadão, a Petrobras justificou a diminuição dos empregos em todas as regiões do país como resultado de programas de Desligamento Voluntário (PDV). Segundo a empresa, esses programas são usados como uma ferramenta de gestão, com foco na redução de custos e na adequação do perfil da empresa ao novo cenário do setor.
Essa estratégia, entretanto, não está isenta de críticas. De fato, a redução significativa dos empregos na Petrobras, principalmente no Nordeste, levanta questões sobre a responsabilidade social das empresas estatais e o impacto das políticas de privatização no emprego e na economia regional. Afinal, é imperativo considerar não apenas a eficiência operacional, mas também o papel dessas empresas na promoção do desenvolvimento socioeconômico.
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